Quando Bento XVI veio ao Brasil, ele falou uma série de coisas que causaram vários xiliques dos nossos jornalistas mais progressistas. Tudo o que disse foi corretíssimo, em minha opinião, mas é obvio que as esquerdas tiveram que fazer aquele showzinho de sempre. Uma dessas coisas que o papa afirmou foi, em outras palavras e usando um monte de eufemismos, que a catequização das Américas na verdade fez um favor para os índios - no que eu acredito.
Veja bem: se você tem um bando de "civilizações" campeando pelo continente, guerreando entre si e onde práticas saudáveis como incesto, infanticídio, sacrifícios humanos e canibalismo são lugares comuns, de acordo com o meu grupo mal amarrado de valores que eu costumo chamar de "meu construto moral", o catolicismo foi definitivamente uma melhoria, especialmente para quem estava do sofrendo os atos supramencionados. Lógico que os episódios de genocídio que ocorreram durante o processo não são justificáveis, mas perceba - também não era nada que os nativos não estivessem fazendo uns com os outros há centenas de anos. Os bravos povos nativos das Américas não eram signatários da Convenção de Genebra, if you know what I mean.
Isso, claro, se você quiser colocar colonização e catequização no mesmo balaio, coisa que não necessariamente andam juntas - vide o relacionamento tempestuoso dos jesuítas com a coroa portuguesa, por exemplo. Ou leia um pouco sobre quem foi Bartolomé de Las Casas para entender que colocar a espada na mão da Igreja Católica é coisa de delinquentes intelectuais.
Mas tudo isso é para comentar a reportagem da Veja desta semana sobre a prática livre, leve e solta do infanticídio nas tribos brasileiras mais isoladas, sob as barbas da Funai e provavelmente com a sua anuência, justificada pelo arcabouço teórico da "preservação cultural". Você nem sabia: bebê envenenado e enterrado vivo também é cultura.
Então por isso que digo - de acordo com o meu bom e velho construto moral, uma boa dose de catolicismo não faria mal aos nativos.