quinta-feira, 2 de agosto de 2007

E por falar em acidentes aéreos.



Se querem ver um filme muito bom sobre o assunto nem precisa ir muito longe: Whisky Romeo Zulu é um filme argentino que conta a história do acidente do vôo LAPA 3142, que caiu logo após decolar do aeroporto Aeroparque Jorge Newbery em Buenos Aires - acidente que guarda até muitas semelhanças com o recente desastre em Congonhas.

Uma das coisas mais interessantes sobre esse filme que é até meio que um spoiler, porque você só descobre isso no final: ele é estrelado, dirigido, produzido e escrito pelo mesmo cara, que está fazendo o papel dele mesmo - um ex-piloto da LAPA. O resultado final é impressionante e é um insider view de todos os componentes que se juntam para parir um acidente.

Fica aí a dica. Se você achar para ver, me avise porque eu também quero ver de novo e só consegui assistir uma vez, por acaso, no Cinemax. Nunca achei para alugar.

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Por falar em filme argentino, note-se que o cinema dos nossos hermanos tem dado uma homérica surra no cinema do Brasil varonil, produzindo filmes muito mais relevantes que o lixo que eles tem feito com o seu dinheiro aqui. Eu tenho cá as minhas teorias, a saber:

1) O cinema brasileiro só sabe falar de favelado e da ditadura, fora os folhetins água com açúcar da classe média que não são exatamente cinema mas mais uma extensão da teledramaturgia da Globo;

2) O cinema brasileiro adora um pobre e as grandes e reconhecidas obras cinematográficas do Brasil são nada mais nada menos do que uma ode ao pobre - ao contrário dos argentinos que, bons elitistas que são, odeiam pobre.

3) O cinema brasileiro (aliás, toda a indústria do entretenimento brasileira) é um cartório onde só uma panelinha de meia dúzia se dá bem. Qualquer sangue novo que apareça querendo inovar, logo logo é absorvido pelo esquemão de meter a mão no seu dinheiro para cantar as agruras do oprimido.

Por não ter estes problemas (imagino, porém, que deva ter outros, conhecendo a Argentina) a indústria cinematográfica argentina está dando um banho na brasileira, com certeza não na bilheteria, mas pelo menos na qualidade dos filmes.