terça-feira, 17 de abril de 2007

É assim que se faz



Vejo com muitas suspeitas esse negócio de envolver o exército em questões internas do país, mas o nível da eficiência é notável. Veja essa matéria do Estadão:
Cerca de 500 famílias começaram ontem a desocupar uma área de 15 mil hectares pertencente ao Exército, entre os municípios de Papanduva, Três Barras e Canoinhas, norte de Santa Catarina. Invadida na manhã de domingo pelo MST, a área vem sendo reivindicada pelos sem-terra desde a década de 60.

Segundo relato do líder Lucídio Ravanello, os militares fizeram ameaças e até usaram o sistema de alto-falantes para intimidar os invasores. “Eles colocaram soldados de dez em dez metros e botaram cinco tanques a rodar em volta das barracas. Eu nunca tinha visto isso, nem em filme. Nós resolvemos sair em paz para evitar violência”, disse.(...)

"Nós resolvemos sair em paz para evitar violência" é um belíssimo eufemismo. Seria interessante se houvesse respeito à propriedade privada no Brasil e cada pedaço de terra fosse tratado com o respeito que essa propriedade do exército recebeu. O MST ia ser uma questão menor. Como estamos no país do ninguém é de ninguém, temos que conviver com estes canalhas. Exceto, claro, se você é o exército. Por que aí você tem tanques e tanque é bom porque manda uma mensagem claríssima. Quando vêm os tanques, acaba a ambiguidade. E como disse, ainda que eu seja bastante desconfiado do uso das forças armadas para isso, se os tanques não servem para defender a propriedade e o estado de direito, então servem para quê?

domingo, 15 de abril de 2007

Dóris Giesse

Não vou nem linkar porque estou com preguiça. A Dóris Giesse despencou do sétimo andar de um prédio em São Paulo. Estava correndo atrás de um gato, caiu e teve a queda aparada por um telhado de zinco. Parece ter sobrevivido sem maiores sequelas. Do gato, não se tem notícia.

Esse negócio me lembrou um dos episódios que considero um dos mais bizarros da imprensa brasileira, e que compartilho porque quero saber se alguém se lembra também. No começo dos anos 90 um jornalista da revista Interview, que depois virou Sexy, entrevistou-a para uma matéria. Papo vai, papo vem, o cara se deu bem, faturou a Dóris Giesse. Nada muito extraordinário se tivesse terminado por ali, mas o casal decididiu publicar tudo na Interview. Uma reportagem sobre a foda, com fotos amadoras, etc. Acho que eles acabaram se casando e tendo filhos etc.

Alguém se lembra disso ou é tudo obra da minha imaginação?

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Qué pagá quanto?

Em nome do multiculturalismo ecumênico, divulgo interessante dado deste artigo aqui, supostamente tirado do Wall Street Journal de 9 de Abril de 2002.

De acordo com ele, na Arábia Saudita uma pessoa responsável pela morte de outra (em um acidente fatal por exemplo) deve compensar a família pagando o que é conhecido em inglês como "blood money". Prática aliás que era comum na Europa pré-medieval, até o advento do cristianismo, essa religião bárbara que nem deixa as pessoas fornicarem, darem a bunda e matarem bebês em paz.

Obviamente, espíritos elevados que são, os sauditas tem uma tabelinha do valor que é devido pelo algoz à família da vítima, a saber:

- 100.000 riyals (aproximadamente US$ 27.000) por um homem muçulmano
- 50.000 riyals por um homem cristão
- Mulheres valem metade - 50.000 por uma muçulmana, 25.000 por uma cristã
- Outros infiéis (hindus, etc.) valem 6.666 riyals se forem homens, 3.333 se for uma mulher

No caso de um judeu (homem ou mulher) imagino que nada seja devido e que o culpado deva levar uma medalha e quiçá uma graninha.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Acronym of the day

FRAND: Fair Reasonable and Non Discriminatory

domingo, 8 de abril de 2007

Basta querer

Não interessada em esperar até os 35 anos para fazer o switch para as altas esferas, a deputada gatinha comunista Manuela D'Avila (PCdoB-RS) entrou com um projeto na Câmara reduzindo de 35 para 30 anos a idade mínima para ser candidato a Presidente, Vice-Presidente ou Senador.

Posto que a grande conquista do Lula foi ter reduzido o mínimo denominador comum presidencial (dando início a uma daquelas situações que os americanos gostam de chamar de "slippery slope") - ou seja, para ser presidente, hoje, basta querer, nada mais lógico que removam-se logo os limites de idade. Se um torneiro mecânico semi-analfabeto pode, porque eu não posso?

E assim caminha a civilização brasileira.

Tonight we dine in hell



Tá cada vez mais difícil ter heróis neste mundo, especialmente quando o Rei Leônidas vem ao Brasil e cata a Glória Maria.

Ou talvez ele estava levando a sério aquela parada de "TONIGHT WE DINE IN HELL"! Ou seja, já que estamos jantando no inferno, o negócio é abraçar o capeta.

Colocando o Brazil em seu devido lugar

O boletim de segurança da IFALPA (International Federation of Airline Pilots' Associations) é uma daquelas coisas que aparacem de vez em quando e que põe o Bananão em seu devido lugar. Lembro-me, nos dias seguintes ao acidente da Gol quando houve a união sagrada de parte da imprensa com os controladores de vôo mais sindicatos e os patriotários de plantão prontos para colocar a culpa inteira nas costas dos pilotos yankees imperialistas. Surpresa, surpresa, meses depois a história que surge é completamente diferente. Não que mude alguma coisa no longo prazo - os patriotários continuarão em sua cruzada para vender o Brasil como a nova Jerusalém - mas pelo menos começamos a mudar de assunto.

sábado, 7 de abril de 2007

Uma Juventude Como Nenhuma Outra



Foi o filme do feriado. É a tradicional "coming of age story", tendo como protagonistas duas garotas israelenses durante o serviço militar nos dias de hoje. O roteiro é meio mal amarrado e a atuação é amadora em alguns momentos, mas o filme ainda consegue ser bom. A parte mais interessante é o cenário (Jerusalém) e o dia-a-dia israelense, que é um assunto ainda pouco explorado no cinema. Pontos positivos também por evitar discutir política (com muito sucesso). Nota seis e meio.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Mitos brasileiros



Entre os mais interessantes mitos brasileiros, junto com o negrinho do pastoreio, o curupira e a mãe d'agua está a entrega da Telebrás aos imperialistas a preço de banana. Ao contrário dos outros mitos, porém, este não tem (hoje) a função de entreter mas sim de emburrecer a nação. Cada vez que alguém fala isso você sente que não só o sujeito que verbalizou mas o país inteiro ficou um pouco mais burro.

Acabo de ler no Blog do Reinaldo Azevedo este artigo que saiu no Estadão de domingo. É bom ler e passar adiante, porque o mito está ganhando força total agora com o segundo governo do PT e com a volta da escaramuça das privatizações durante as eleições passadas, legado máximo do governo tucano que os próprios tucanos fizeram questão de não defender e se bobear até ajudaram a arrastar na lama.

Os fatos desmentem o ministro Hélio Costa
“A Telebrás foi vendida a preço de banana” - proclamou o ministro das Comunicações, Hélio Costa, ao falar na quarta-feira na Comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicações da Câmara. Não dá para silenciar diante de uma declaração dessas. O que o ministro chama de “preço de banana” deve equivaler ao da produção de banana de toda a América Latina durante um século, pois foi de R$ 22,2 bilhões ou US$ 19 bilhões da época, com ágio superior a 63% sobre o preço mínimo.

Na verdade, a Telebrás foi vendida pelo preço mais elevado entre todas as grandes operadoras do setor privatizadas no mundo na década dos 1990, segundo avaliou na época a revista inglesa Privatisation, de Londres.

Ao longo da semana que passou, o ministro criticou duramente a qualidade das televisões estatais de três países e, em seguida, respondeu a um diplomata estrangeiro, que dele discordou. Depois, participou de tumultuada audiência na Câmara, em que fez a revelação de impacto sobre a venda da Telebrás por preço vil.

Façamos um brevíssimo retrospecto dos fatos relativos ao leilão da estatal das telecomunicações em julho de 1998. As ações da Telebrás estavam pulverizadas nas mãos do público e somente um terço delas (33,3% do capital) eram ações ordinárias, com direito a voto. Como o governo detinha pouco mais da metade daqueles 33,3%, era essa a fatia que estava à venda no leilão de privatização. Embora representasse apenas 19% do capital total da Telebrás, esse bloco de ações ordinárias significava o controle da Telebrás.

Poucas semanas após a privatização da Telebrás, viria a crise da Rússia, que afastou a maioria dos grandes investidores de leilões de privatização no mundo. E, para agravar ainda mais esse quadro, assistimos, menos de dois anos depois, ao rompimento da bolha da internet e das telecomunicações, com a desvalorização dramática de todos os ativos dessas duas áreas. Exemplo dessa desvalorização ocorreu quando a Embratel foi vendida pela MCI à Telmex, por um terço do preço pago na privatização.

Embratel
Ao mencionar de passagem a Embratel, Hélio Costa afirmou na audiência da Câmara que “ninguém previu que em uma emergência (para formar uma rede de TV, por exemplo) será necessário pedir autorização aos mexicanos”.

Talvez seja mera força de expressão essa acusação do ministro da eventual necessidade de “pedir autorização aos mexicanos”, pois qualquer pessoa ou empresa pode contratar serviços de transmissão de telecomunicações no Brasil, em contato direto com a Embratel. Mais do que isso: pode buscar as operadoras dos 40 satélites internacionais autorizados a prestar serviços sobre o território brasileiro. Ou ainda usar a alternativa de uma dúzia de troncos de microondas terrestres de longa distância operados por outras concessionárias nacionais.

O ministro também não reconhece os reais benefícios que a privatização trouxe para o desenvolvimento e modernização das telecomunicações no Brasil. No entanto, são números que não admitem contestação, pois, além dos R$ 22,2 bilhões pagos ao governo pelo controle da Telebrás, os novos grupos privados investiram nos últimos nove anos R$ 135 bilhões - algo como US$ 66 bilhões - na infra-estrutura de telefonia fixa e celular, redes sem fio, satélites, banda larga e longa distância nacional e internacional - ampliando o número de acessos telefônicos de 24 milhões para os 145 milhões atuais. Uma expansão de 500%.

Disparidade
Conforme declarou na audiência na Câmara, Hélio Costa se preocupa com a desproporção entre o faturamento total das empresas de telecomunicações e as de radiodifusão, da ordem de 10 para 1. Essa disparidade, no entanto, é a mesma na Europa, nos Estados Unidos e no Japão.

O ministro critica também o faturamento anual de R$ 100 bilhões das teles, gerado pela operação de 145 milhões de telefones hoje no Brasil. É bom lembrar que dessa receita total, R$ 40 bilhões são impostos, que saem diretamente de nosso bolso e vão para os governos estaduais e para o Tesouro Nacional. Melhor seria se ele buscasse nos defender desse assalto tributário, em que o Brasil é o campeão mundial, ao cobrar tantos impostos nesse montante de 40% sobre o valor de nossas contas telefônicas.

Uma lembrança oportuna seria ainda a do cenário em que vivíamos nos últimos dias da Telebrás, em 1998, quando a densidade de telefones fixos e celulares do País era de apenas 14 acessos por 100 habitantes, em lugar dos atuais 76%. Ou dos planos de expansão que, até 1997, nos cobravam R$ 1.117 por uma linha telefônica e ainda nos obrigavam a esperar dois anos ou mais pela instalação do aparelho. Ou pagar até 5 vezes mais no mercado paralelo. Hoje, uma linha telefônica pode ser instalada até de graça, no prazo máximo de uma semana, em todo o País.